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Volta e meia a ficção procura trazer luz a um futuro não tão improvável. Isto já aconteceu por diversas vezes na história. Nos últimos anos, todas as previsões relacionadas ao aquecimento global e as consequências das mudanças climáticas tem inspirado diversas obras de “ficção”. Todas elas muito bem feitas e embasadas em dados científicos.
Uma delas que sempre indico aos alunos é a série “Extrapolations”. Ela inicia em 2037, coincidentemente um ano próximo ao qual devemos, como humanidade, ter conseguido atingir uma considerável redução nas emissões de gases de efeito estufa. Acontece que lidamos com os seres humanos e o apego ao “status quo”, premissa da série, ocasiona o contínuo aumento das Partes Por Milhão (PPM) anualmente, o que traz consequências terríveis para o modo de vida em nosso planeta. A série segue em episódios até 2070. Cada episódio traz uma realidade nova a partir das projeções da ciência.
Trailer da Série Extrapolations
Depois de assistir comente se você se vê neste futuro.
Mais recentemente, a série “Paradise” leva às últimas consequências o que os bilionários atuais tem procurado de fato a investir seu capital: criar um mundo alternativo para quando este no qual vivemos não suportar mais os seres vivos. O curioso é que a bilionária, idealizadora do projeto, ouve em uma palestra em um Forum como o de Davos que o mundo vai acabar e então decide o quê vai fazer a respeito.
Há inúmeros outros exemplos de filmes, livros, artigos, relatórios, estudos de cenários, todos eles trazendo dados riquíssimos e previsões de trajetórias para os diversos riscos a que estamos sujeitos. Hoje temos acesso, inclusive, a bases de dados em tempo real, como a criada pelo Ex-Vice-Presidente Al Gore, a qual monitora as emissões em todo o planeta, em um sofisticado sistema de IA com satélites e a colaboração de centenas de cientistas.
Quando falamos de riscos de transição temos um deles, que é o regulatório e legal. O aumento da regulação, globalmente, exigindo das organizações uma maior transparência em relação à transição para uma economia de baixo carbono, além de efetivamente algumas delas já determinarem o limite de emissões para alguns dos setores, como a europeia, tem trazido, como consequência, um aumento da litigância climática.
Os investidores tem se atentado a estas questões e incorporam em suas respectivas políticas de investimento diversos critérios de decisão, a depender de diversos fatores, mas, sem dúvida, os mesmos têm utilizado modelos cada vez mais sofisticados de análises de cenários futuros, tanto para riscos físicos quanto de transição.
Este olhar para o longuíssimo prazo ainda é raro em muitas organizações. Há muito com o que se preocupar para gerir o hoje, as emergências atuais, os desafios imensos trazidos pelo dia a dia.
Em nosso trabalho junto a diversas organizações preocupadas com a agenda de transição temos nos deparado com esta dicotomia entre a urgência do hoje e as consequências da inação sobre o amanhã, o qual parece tão distante.
Esta reflexão tem me levado a estudar os vises comportamentais. Há diversos deles que podem explicar a dificuldade de ação dos gestores sobre as necessárias mudanças, muitas delas dolorosas e complexas, quando ainda não enxergamos ou não sentimos um perigo iminente.
E você? Tem pensado sobre os processos de mudança e de transição da sua organização?